Tragédia brasileira
Prevenção de acidentes exige muito, de técnicas próprias de
urbanistas à educação de motoristas e pedestres. Os números, as estatísticas
brasileiras mostram que estamos longe da situação ideal, talvez reduzindo
mortes, mas elevando o número de pessoas com deficiência(s).
Por ano o Brasil perde em acidentes de trânsito motorizado quase
o equivalente ao número de mortes que os aliados (EUA basicamente) tiveram durante
os muitos anos de guerra no Vietnam. A quantidade de pessoas com lesões
imediatas e permanentes é muito maior, muitas só aparecem a longo prazo,
infelizmente sem origem inequívoca, portanto sem atribuição de causas
evidentes. A quantidade de pessoas com deficiência aumenta sem parar assim como
piora a qualidade de vida dos acidentados, algo que talvez só descubram alguns
anos adiante.
Esse lado negativo é escondido em propagandas caríssimas.
A mídia de bebidas alcoólicas, por exemplo, é onipresente
com ressalvas quase ilegíveis (é feita para quem sabe ler e enxerga bem). Até a
FIFA exigiu e o Brasil aceitou a liberdade de propaganda de um fabricante de
cerveja e sua comercialização dentro dos estádios. No simplismo primata desses
promotores será suficiente e justo pôr na cadeia aqueles que se excederem,
normalmente jovens apaixonados por futebol, as maiores vítimas desses jogos.
O drama dos acidentes se acentuou com o favorecimento
(financiamento) à indústria de motocicletas [(Brasil enfrenta epidemia de acidentes de trânsito, diz representante do
Ministério da Saúde, 2012) “Em 2011, foram internadas em hospitais da
rede pública 153.565 vítimas de acidentes de trânsito, o que gerou um gasto de
R$ 200 milhões aos cofres públicos. A agravante é que, do total das
internações, praticamente a metade – 48% – envolveu motociclistas.”].
Não temos padrões nem modelos adequados para utilização em
vias urbanas. O resultado é que atravessar uma rua exige atenção redobrada exceto
para quem é capaz de enxergar e ouvir bem e os motoqueiros sem sorte enchem
clínicas e hospitais especializados. As cidades, afinal de contas, são feitas
para atletas.
Os carros mostram a qualidade dos donos. Vidros escurecidos
além do que leis esquecidas permitem, mau estado de conservação e direção
agressiva é algo corriqueiro em nossas ruas e avenidas. Basta andar pela
cidade, quando isso é possível, e observar o comportamento dos motoristas e de
pedestres malucos, talvez desconhecendo o perigo a que se submetem quando
desprezam os melhores lugares para atravessá-las.
A mídia ganha fortunas com a propaganda de produtos e
comportamentos nocivos à população, deveria ser obrigada a produzir programas
equivalentes, nos mesmos horários, para educar o povo, carente de tudo,
principalmente um comportamento social adequado às manias “modernas”.
A omissão das autoridades de trânsito ou a falta de
vigilância adequada por efeito de “movimentos sociais equivocados” transformam
nossas metrópoles em selvas, seguindo modelos de enlatados que as emissoras
apresentam e copiam. O que vale é o índice de televisores conectados no
programa que está sendo apresentado. A deseducação do povo brasileiro mostra
seus resultados em tudo, o que é lamentável, dramático e tenebroso.
Toda ação tem reação. O deboche e o descaso com a nação cria
omissões, mas também começa a gerar reações. Infelizmente pode-se ir de um
extremo ao outro com limitações excessivas.
O Governo Federal, tão cioso das contas do INSS, SUS e
outras siglas, deveria extrair dessa contabilidade o que o contribuinte paga
pelos maus hábitos dele e de terceiros. Pior ainda, a tragédia que só aumenta
diante do processo de deseducação estimulado por campanhas de produtos e
atitudes prejudiciais ao povo.
Basta ver os enlatados da TV para dar ânsia de vômito. Promoção
da violência, de armamentos, de atitudes antissociais etc., a mídia da
superpotência (EUA) dizendo eventualmente de forma explícita que está pronta
para destruir quem se opuser à “democracia do porrete” com o entusiasmo das
grandes indústrias querendo vender suas loucuras etc.
O comportamento irresponsável é um pesadelo também nas
empresas que amargam estatísticas apavorantes. Nosso amigo Flávio Freitas
Dinão, engenheiro na área de segurança, informa que (4000
mortes/anos...em torno de 20000/ano inválidos para o trabalho e 720.000
acidentes/anos)
acontecem no Brasil.
Carecemos de uma cultura efetivamente afinada com as
necessidades do nosso povo. É fácil imitar potências estrangeiras e ganhar tostões
defendendo o que propõem, difícil é renunciar aos confortos da bajulação a
seres superiores.
Até quando?
Cascaes
11.9.2012
Brasil, A. (13 de 9 de 2012). Brasil enfrenta
epidemia de acidentes de trânsito, diz representante do Ministério da Saúde.
Fonte: bem Paraná: http://www.bemparana.com.br/noticia/230143/brasil-enfrenta-epidemia-de-acidentes-de-transito-diz-representante-do-ministerio-da-saude
Dinão, F. F. (s.d.). 4000 mortes/anos...em torno de
20000/ano inválidos para o trabalho e 720.000 acidentes/anos. Fonte:
Quixotando: http://www.joaocarloscascaes.com/2012/09/4000-mortesanosem-torno-de-20000ano.html
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