Campanhas salariais e o ensino
fundamental e as creches
Esperar
muito do magistério no ensino fundamental em escolas públicas é utopia, pois
seus profissionais estão desamparados e colocados no piso da pirâmide social.
Por efeito de alguma patologia social e política não sabem defender teses que
mudariam isso tudo radicalmente, afinal o lugar deles é lá no alto, mais ainda
num país onde as perversões provocadas pela mídia irresponsável e o poder
crescente do crime organizado (com todos os tipos de colarinho e armamentos)
parecem irreversíveis.
Dentro dos
calabouços e depósitos infectos encontramos o resultado de um país que despreza
o ensino pago pelo contribuinte, ávido de vinganças e extremamente míope de
soluções.
O ser
humano, talvez como reminiscência dos tempos mais remotos quando procurava
entender a Natureza e negociar com ela boas caçadas, é atavicamente formalista
e apaixonado por rituais, penitências, promessas, cerimônias e outras coisas
que simplesmente o liberam para continuar suas extravagâncias.
Temos,
tivemos e podemos valorizar lideranças nacionais respeitáveis.
Muitos
políticos, líderes religiosos inclusive (fui aluno do excelente Colégio Santo
Antônio em Blumenau, cidade com muitas escolas) e revolucionários compreenderam
a importância da Educação.
Na Europa a
invenção da Imprensa (após os chineses, como sempre) e a orientação de Martinho
Lutero para a leitura da Bíblia foi a grande revolução que mudou o lado
ocidental deste planeta. As escolas apareceram e os imigrantes europeus, onde
chegaram com essa diretriz, transformaram a ignorância em dúvidas, afinal a
grande orientação era “falar com Deus”, entendê-lo nas palavras escritas na
Bíblia e fazer uma autocrítica íntima permanente. Sabendo ler e escrever o
ensino e conhecimento político, profissional, ético etc. tornou-se mais e mais
fácil.
Maravilhosamente
agora podemos aproveitar a tecnologia para aprendizados essenciais em qualquer
lugar do planeta, mas na infância e juventude nada substitui o bom professor(a)
e a escola em tempo integral, se possível.
Lendo
encontramos preciosidades.
O livro “O
Homem Medíocre” [(1) ,
(2) ] é fonte especial
para entender a América Latina. Suas obras são polêmicas, ou melhor, refletem a
cultura universal à época. O racismo é implícito, mas a mensagem é clara quando
fala da importância da Educação na formação de nações modernas (3) . Nesse livro e do ótimo
ebook “CARLOS OCTAVIO BUNGE E E JOSÉ
INGENIEROS - ENTRE O CIENTÍFICO E O POLÍTICO. PENSAMENTO RACIAL E ...” (3) devemos destacar as
teses e a importância do ex-presidente da Argentina (1868 – 1874) Jornalista,
Escritor e Político Domingo Faustino Sarmiento[1].
O resultado é que o analfabetismo foi praticamente eliminado e a base técnica e
social dos argentinos viabilizaram com larga margem positiva em relação ao que
aconteceu em outros países latino-americanos.
Nosso
continente sul americano sofreu demais com a violência das metrópoles e suas
estratégias de dominação são bem conhecidas pelos brasileiros quando lembramos
os tempos de Portugal; na América Espanhola o livro “O General em seu
labirinto” (4) de Gabriel Garcia
Marques dá um relato dos escombros da guerra impiedosa empreendida contra
aqueles que pretendiam e conquistaram a libertação das colônias no início do
século 19.
E o Brasil?
Aqui por um
preciosismo imperial as escolas foram raras e mal distribuídas, mesmo após a
proclamação da República sentimos o peso hegemônico da capital federal,
impedindo a criação de universidades mais do que necessárias[2]
(5) .
Felizmente o
Brasil mudou muito, mas desprezando a qualidade e a universalidade da educação
e amparo real às crianças, pré-adolescentes e adolescentes (6) , situação que se
agrava brutalmente no acolhimento de crianças e jovens com deficiência. Esse
tema não interessa aos grandes grupos econômicos, patrocinadores fortes de
campanhas eleitorais, o resultado disso é sensível nas cidades, principalmente.
A inclusão,
a acessibilidade para a PcD é última prioridade.
Só para
citar um caso, a violência juvenil é um exemplo mais do que evidente de falhas
estruturais gravíssimas, razões?
Precisamos
de um Sarmiento no Brasil, que além de suas propostas e cultura também aliem a
tudo liderança e competência para uma revolução na Educação Fundamental e
Profissional em nosso país. O que for gasto para isso deverá ser entendido como
investimento de médio e longo prazo, mas os resultados são garantidos e não
dependem dos humores de multinacionais de diversas especialidades.
No Senado
Federal temos o Senador Cristovam Buarque (7) e suas propostas
podem se tornar realidade se os professores do Brasil se unirem e utilizarem o
poder que possuem e usam muito mal de mobilização e colocação de propostas.
Podemos até
sugerir a criação de uma “Bolsa Professor” federal que viabilize uma progressão
salarial essencial às necessidades pessoais do corpo docente de nossas escolas
públicas além de se criar um estímulo mais competitivo à profissão do
magistério. Nossos municípios e estados estão com orçamentos comprometidos até
para atender a FIFA. Empréstimos levarão anos para serem pagos e o sucesso
econômico sem uma boa base cultural é discutível.
Para maior
oferta de informações criamos o blog (7) .
O desafio é
orçamentário, de gestão pública e atenção para projetos de Governo, muitas
vezes sem critério justo em relação às prioridades reais; para isso devemos
exercer vigilância sobre a preparação da LDO (8)
e também defender projetos de lei, estratégias e prioridades coerentes com o
desafio de levantar a Educação no Brasil ao seu nível necessário e justo.
No Paraná
também existe a possibilidade de federalização de suas universidades,
transferindo recursos para a Educação Fundamental.
Para tudo
isso se impõe uma mobilização permanente, formal e informal.
Gastar com a
Educação é investimento da melhor qualidade.
Cascaes
30.4.2014
1. Ingenieros, José. O Homem Medíocre. SiNoPsE
LiTeRáRiA. [Online]
http://sinopseliteraria.blogspot.com.br/2011/09/o-homem-mediocre-jose-ingenieros.html.
2. José Ingenieros. Wikipédia.
[Online] http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Ingenieros.
3. CARLOS OCTAVIO BUNGE
E E JOSÉ INGENIEROS - ENTRE O CIENTÍFICO E O POLÍTICO. PENSAMENTO RACIAL E ... Scielo
Books. [Online] Editora UNESP.
http://static.scielo.org/scielobooks/s59t6/pdf/grejo-9788598605982.pdf.
4. Marques, Gabriel
Garcia. O general em seu labirinto. 12ª. s.l. : Editora Record,
2014.
5. Cascaes, Tânia
Rosa Ferreira. A Participação do LACTEC - Instituto de Tecnologia - na
gênese do processo tecnológico paranaense: Uma contribuição ao estudo da
história da Técnica e da Tecnologia. UTFPR. [Online] 2005. quadro 2 -
página 72.
http://files.dirppg.ct.utfpr.edu.br/ppgte/dissertacoes/2005/ppgte_dissertacao_187_2005.pdf.
CDD: 621.310981.
6. Editora Moderna,
Todos pela Educação,. Anuário Brasileiro da Educação - 2013. [Online] 2014.
http://www.moderna.com.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8A8A833F33698B013F346E30DA7B17.
7. Cascaes, João
Carlos. Mirante da Educação. [Online]
http://mirante-da-educacao.blogspot.com.br/.
8. Orçamento Fácil -
Vídeo 06 - O que é a LDO, Lei de Diretrizes Orçamentárias - Processo
Orçamentário. Quixotando. [Online] Orçamento Fácil.
http://www.joaocarloscascaes.com/2014/04/orcamento-facil-video-06-o-que-e-ldo.html.
[1]
Vindo de uma família
pobre, porém com antepassados ilustres, sua infância e formação foram
profundamente influenciados por sua mãe Paula Albarracín. Sarmiento foi um
autodidata e suas experiências daquela época estão publicadas em seu livro
"Recuerdos de Provincia".
Durante a década de 1840, devido à sua
oposição ao regime de Juan Manuel de Rosas, Sarmiento padeceu o exílio no Chile, onde ele escreveu seu livro mais famoso:
"Facundo o Civilización y Barbarie", publicado em 1845, uma biografia do caudilho argentino Facundo Quiroga. Sarmiento, porém, usando
Quiroga como pretexto, realizou neste livro um profundo estudo do fenômeno
do Caudilhismo e um verdadeiro libelo
contra Rosas e seu regime 2 . No Chile, Sarmiento
esteve sob a proteção de Manuel Montt, então ministro do interior,
que o encarregou de aprimorar o sistema de educação pública chilena. Sarmiento
assim, viajou pela Europa e pelos Estados Unidos, estudando seus sistemas
educacionais. Seus relatos de viagem foram publicados em seu livro
"Viajes".
Domingo F. Sarmiento é apontado como um dos
maiores expoentes do Romantismo argentino, devido ao
seu papel relevante na chamada Geração de 1837. Porém, em seus
escritos, vê-se profundas influências neoclássicas. Nos últimos anos de sua
vida, ele aproximou-se do Positivismo, como bem atesta seu último
e mais polêmico livro: "Conflictos y armonías de las Razas de
América".
Sarmiento integrou o chamado Exército
Grande que derrubou Rosas em 1852, sob a liderança de Justo José de Urquiza, porém Sarmiento logo rompeu com este. Na década de
1860, tornou-se governador de sua província natal, San Juan e depois, embaixador
da Argentina junto aos Estados
Unidos. Enquanto exercia tal função, foi eleito presidente da Argentina para o
período 1868-1874.
Tomou posse em 12 de outubro de 1868, sucedendo Bartolomé
Mitre. Em seu governo, Sarmiento duplicou o número de escolas públicas na
Argentina e construiu por volta de 100 bibliotecas públicas 3 . A imigração européia também foi
incentivada.
Durante sua presidência, concluiu-se a Guerra do Paraguai, na qual a Argentina anexou às custas do Paraguai, o território que hoje
corresponde à província argentina de Formosa. Em 1870, Justo José de Urquiza foi assassinado durante uma revolta contra o
governo central. Em 1874, Sarmiento entregou a presidência ao seu
sucessor, Nicolás Avellaneda. Posteriormente, Sarmiento iria se opor ao regime conservador e
excludente liderado pelo general Julio Argentino Roca e seus últimos anos de vida foram de contestação política e
intelectual, a famosa "La Vejez de Sarmiento".
Ele faleceu em 1888, em Assunção, capital do Paraguai e hoje encontra-se
sepultado no cemitério de La Recoleta, em Buenos Aires.
Sua efígie está estampada nas atuais notas de
50 pesos
argentinos e
não há cidade argentina que não tenha um logradouro público com seu nome.
Wikipédia
[2] Em
1920, uma lei determinou o fechamento das Universidades. O Governo Federal não
recebia bem as iniciativas surgidas de forma independente nos estados. Mesmo
assim, apesar de contraditório, o Governo criou a Universidade do Rio de
Janeiro. Era necessário criar alternativas para evitar o fechamento da UFPR. A
forma encontrada na época para driblar a lei e continuar funcionando, foi
desmembrar a Instituição em faculdades.