As crianças, os jovens e os
adultos
A família é a principal base de formação de caráter e
vocações de qualquer pessoa.
Quando pensamos em Ética devemos de imediato e
prioritariamente pensar nos efeitos de nossos padrões de comportamento na
cabeça de nossos filhos, que serão radicalmente afetados pelos seus pais.
Construir e manter um ambiente familiar saudável é sinal de respeito e amor aos
filhos, o resto é ridiculamente pouco eficaz.
Um absurdo comum e trágico é a inconsciência de mães e pais
em torno de suas responsabilidades. As crianças aprendem vendo, ouvindo,
sentido seus familiares. Os exemplos criam comportamentos, muito mais do que
palavras formais e chavões clássicos.
A alienação é visível de diversas formas, os resultados vão
aparecendo ao longo da vida. É fácil perceber e até avaliar os filhos pelos
efeitos na ordem cronológica de nascimento. Tudo exige um processo de
paternidade e maternidade responsáveis. Crianças não podem ser tratadas como se
fossem brinquedos à disposição dos pais, pior ainda, seres intrusos em casas
ricas ou pobres, mas frias e desumanas.
Com certeza cada ser humano é único, mas todos trazem em si
cargas genéticas e softwares embutidos em suas cabeças desde o nascimento. O
processo natural é tal que a diversidade é provocada desde a concepção e a
facilidade de produção contínua de milhões de espermatozoides a partir dos
machos. Prever combinações é impossível diante dessa dinâmica reprodutiva.
Se a formação inicial do ser humano é alheia a planos
familiares, a educação não o é, ao contrário, é decisão dos responsáveis pelas
crianças (família, escola, mídia, sociedade, governo etc.).
As crianças existem a partir da vontade dos seus pais e não o
contrário. A geração de filhos significa o comprometimento integral em relação
à vida de pessoas que serão o que seus pais quiserem, evidentemente com todas
as singularidades que a Natureza esconde e os efeitos de acidentes, incidentes,
amizades, escolas etc. proporcionam.
Compete à família orientar, dar exemplos, mostrar caminhos, acima
de tudo: EDUCAR.
Frequentemente alheios às vontades familiares outras
lideranças aparecem subvertendo completamente os ensinamentos familiares.
Especialistas em engajamento político, religioso e até esportivo facilmente
cooptam as crianças e principalmente os jovens para causas eventualmente
prejudiciais a esses futuros adultos.
Podemos ver nos noticiários o resultado de pregadores
alucinados e criminosos, formando batalhões de jovens assassinos. Essa sempre
foi a realidade em todos os povos, algo primitivo que ainda pesa na mente
universal humana.
A vigilância dos país e mestres mais saudáveis é essencial
para se evitar fanatismos mortais ou simplesmente mediocrizantes.
Estamos em tempos de mudanças aceleradas, todos os cuidados
são poucos diante de influências que aparecem de diversas maneiras dentro do
lar, quanto mais nas ruas e escolas da vida.
Podemos e devemos cobrar responsabilidades, de quem?
Os desafios de sobrevivência mudam constantemente, será que
todos estão conscientes de suas responsabilidades? Os tempos estáveis não
existem mais, se é que em alguma época duraram muito. A Humanidade sempre viveu
em guerras e conflitos locais, tribais, nacionais, coloniais, imperiais etc.
O processo educacional deve ser atento às muitas fases da
vida, mas pode educar mal pessoas que esquecem, a partir de uma formação
equivocada, o que é ser adulto, ter responsabilidades e disposição para
trabalhar, cuidar dos filhos, viver em sociedade, ou seja, continuar a missão
de existir.
Teorias e consultores normalmente procuram focar padrões nem
sempre realistas. “Especialistas” ganham notoriedade e dinheiro inventando
fórmulas mágicas. A intuição pode valer muito mais do que a leitura de uma
biblioteca especializada.
Com certeza a humanidade ainda precisa avançar muito no
conhecimento da mente humana e nos processos educacionais. Felizmente a cultura
universal se enriquece diariamente e sabendo pesquisar poderemos descobrir
preciosidades inacessíveis há poucos anos graças ao potencial da WEB (World Wide
Web) .
Ainda recentemente pudemos ver preciosidades entre as quais podemos destacar
uma entrevista quando ainda era vivo com o genial Dr. Carl Jung (C. Jung) que simplesmente
resumiu muito do que acreditamos. Lamentavelmente muitos filmes que
colecionamos em blogs acabam sendo excluídos pelos donos do direito de
exposição.
O capitalismo intelectual é a pior forma de exploração do
conhecimento humano...
A vida se desenvolve em etapas, do bebê ao idoso passamos por
períodos com relativa estabilidade psicológica e intelectual. Com certeza é na
puberdade que explodimos por efeito de glândulas e desafios monumentais. As
transformações são enormes e podem neutralizar anos e anos de convivência em
família, pois nessa época, além dos hormônios aparecem os pregadores, os
missioneiros que pretendem aumentar seus rebanhos, custe o que custar, isso sem
falar nas turminhas de amigos e inimigos que marcam essa fase da vida.
Países tão atrasados quanto o Brasil oferecem um cenário desolador
para os jovens de famílias sem muitos recursos. O Ensino Fundamental[1]
é precário e as ruas o espaço de cooptação do crime organizado. Lamentavelmente
ainda estamos na cultura maniqueísta e pouco sensível à importância da
Educação; lideranças nacionais preferem a violência policial.
Os educadores, por sua vez, precisam ter cuidados especiais e
capacidade de compreender suas próprias fragilidades, convicções e vontades. O
jovem é alvo perigosamente fácil de extremistas de qualquer espécie e quando adulto
poderá ser o que lhe for ensinado nesse período de imaturidade, inexperiência,
de falta de malícia de um mundo que se fosse tão bom quanto cada povo acredita
ser não teria mostrado tantas monstruosidades nesses últimos tempos.
Do jovem para o adulto precisamos ensinar a pensar, a ter
raciocínio crítico e capacidade de formar uma visão ética que lhe seja
necessária para sobreviver com felicidade e vida saudável.
Os mais velhos normalmente têm padrões consolidados em tempos
remotos e absolutamente anacrônicos em relação ao que as crianças, jovens e
futuros adultos enfrentarão.
Obviamente existe a ética religiosa, que ensina a submissão
total a figurinos milenares e promete recompensas eternas após a morte.
Quantos jovens desperdiçam sua época de amadurecimento em
salas fechadas decorando bíblias...
O terceiro milênio da era cristã poderá e deverá trazer
desafios imensos.
A Humanidade estará preparada para enfrentá-los? Educamos
nossos descendentes para resistir e sobreviver?
A proposição de um modelo ético inteligente e ajustado a esse
mundo absolutamente novo é fundamental e se resume em poucas palavras:
fraternidade, liberdade e preparação para aproveitamento de oportunidades
sadias sabendo enfrentar o que a Natureza apresentar.
Lamentavelmente descobrimos adultos chorando limitações que
não existem a quem está disposto a trabalhar, estudar, enfrentar as
dificuldades da vida. Com certeza todos carregam suas limitações que devem ser
vistas como desafios a serem superados.
É gratificante lembrar quando envelhecemos as barreiras que encontramos
e vencemos. Ser fraco é uma opção de vida, não uma condição limitante. A força
está na teimosia, na determinação, na coragem de suportar até humilhações, mas
ir em frente.
Viver é subir montanhas, para isso devemos ter nosso
catecismo pessoal, singular, atento ao que queremos e devemos fazer.
Cascaes
Curitiba, 22
de julho de 2016
Jung,
Carl. Face to Face - Entrevista com Carl Jung legendada em Português.
s.d. <http://querendo-entender-filosofia.blogspot.com.br/2015/01/face-to-face-entrevista-com-carl-jung.html>.
World Wide Web. s.d.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/World_Wide_Web>.
[1] Ensino
fundamental é o nome dado a uma das etapas da educação básica no Brasil. Tem duração
de nove anos, sendo a matrícula obrigatória para todas as crianças com idade
entre seis e 14 anos. A obrigatoriedade da matrícula nessa faixa etária implica
a responsabilidade conjunta: dos pais ou responsáveis, pela matrícula dos
filhos; do Estado pela garantia de vagas nas escolas públicas; da sociedade,
por fazer valer a própria obrigatoriedade. Regulamentado por meio da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, em 1996,
sua origem remonta ao Ensino de Primeiro Grau, que promoveu a fusão
dos antigos curso primário (com quatro a cinco anos de duração), e do curso
ginasial, com quatro anos de duração, este último considerado, até 1971, ensino
secundário. A duração obrigatória do Ensino Fundamental foi ampliada de oito
para nove anos pelo Projeto de Lei nº 3.675/04, transformado na Lei Ordinária
11274/2006, passando a abranger a Classe de Alfabetização (fase anterior à 1ª série,
com matrícula obrigatória aos seis anos) que, até então, não fazia parte do
ciclo obrigatório (a alfabetização na rede pública e em parte da rede
particular era realizada normalmente na 1ª série). Lei posterior (11.114/05)
ainda deu prazo até 2010 para Estados e Municípios se
adaptarem. No Brasil não existe um currículo padronizado para o ensino
fundamental, mas a LDB de 1996 define que é obrigatório, no Ensino Fundamental,
o ensino de Língua Portuguesa, Matemática, conhecimentos do mundo físico e
natural, bem como da realidade social e política (especialmente a brasileira),
Artes, Educação Física e Música (que pode ser trabalhada dentro das Artes).1