Somos extremamente importantes para nós
e o significado de nossa existência é tanto maior quanto mais existimos em
torno do ambiente coletivo que nos afeta. Existir é ter consciência de ser e
estar, logo nada faz sentido ao que não existe. Em relação ao Universo somos
absolutamente insignificantes. Os paradoxos em torno da vida e da consciência,
maiores se entrarmos a fundo no funcionamento do corpo, cérebro etc. dão a
impressão de uma mecanicidade que pode incomodar. Essa situação não é aceita
pelos seres humanos em geral, por isso inventaram Deus antropomórfico e cheio
de relacionamentos com a Humanidade.
A visão dos filósofos, educadores e
lideranças de toda espécie sempre teve na vaidade do ser humano e em suas
ambições a orientação para a construção de modelos morais e filosóficos.
Somos desde cedo convencidos a acreditar
nisso ou naquilo.
O desafio maior é viver e crescer
conscientes de nossa insignificância relativa ao Cosmos ou, ao contrário,
acreditar que somos parte de um imenso e desconhecido projeto, que intuímos,
mas nunca poderemos ter certeza de existir.
O mínimo que podemos usar e é muito é a
satisfação de nossos instintos de forma adequada. Adequada? Sim, pois vivendo
em comunidades precisamos ajustar nossas atitudes, pelo menos, ao necessário e
suficiente ao que pretendemos ser e conquistar. Nossos instintos são parte de
nossa natureza, graças a eles existimos e sobrevivemos desde que a vida surgiu
em algum formato humanoide.
Aceitar e saber usufruir aspectos
gratificantes e apaixonantes de nossa formatação é ser inteligente, sábio e
eficaz. Contrariar e rejeitar nossos impulsos sexuais, por exemplo, tem sido a
chave de dominação religiosa, capaz de tantas perversões e maldades em nosso
meio universal. Todo ser vivo pensante é objeto de dominação por parte de seus
semelhantes, apenas semelhantes. O império dos mais fortes é fruto de
manipulações que vão muito além da força bruta.
Devemos, portanto, estar atentos às crenças
metafísicas, ideológicas e até sociais, espaço natural de ação dos pregadores
religiosos e políticos. Em última instância são pessoas que procuram impor suas
vontades. A liberdade não tem preço e nela encontramos espaço para satisfação
de impulsos fortes e, se usufruídos com dignidade, algo de extremo valor para a
nossa saúde mental e física. Nisso a criação de leis e a atuação do poder
judiciário merece nossa atenção permanente, pois é uma das formas de imposição
de critérios primários e odiosos ao ser humano consensados em gabinetes e
parlamentos distantes.
Para educar todos somos agentes e entre
nós existem os profissionais, os mestres, professores, a responsabilidade deles
é gigantesca.
O educador deve ter em mente isso e sua
atitude é função (muito) da situação de dependência em que se encontra. Quem
paga decide. O empregador determina a professores e “colaboradores” o que
ensinar.
A subordinação geral da Humanidade
precisa ser denunciada, analisada, dissecada e todo ser inteligente e que
pretenda agir de forma racional deve estudar e desenvolver seu senso crítico.
Isso é bom? Com certeza a maior fome de qualquer ser humano inteligente é a
compreensão do que ele é, de sua existência e vontades.
Aceitando o mínimo torna-se fácil
ganhar mais. O contrário é perigoso. Depressões, infelicidades existem porque
muita gente quer mais do que pode ter, e o contrário também é verdade, o
excesso de humildade, a aceitação da impotência leva a desperdícios de
oportunidades, frustrações, humilhações, tristezas.
Devemos educar para a luta, para
vencer.
O cérebro humano é um tremendo
potencial que usamos mal. Muitas espécies de inteligências e infinitas
habilidades podem ser desenvolvidas, desde que tenhamos disposição para
trabalhar e desenvolver nossas habilidades. É importante, contudo, ser
realista, honesto intelectualmente diante do espelho e sempre que possível com
firmeza, determinação para transmitir nossas propostas, utopias e assim receber
críticas. Orientações importantes, correções sempre necessárias, pois nunca
seremos perfeitos. É essencial saber de nossas maiores habilidades e fraquezas.
O sucesso é o resultado da compensação
de deficiências, de saber superá-las.
Nada pior do que submeter-se
tacitamente a limitações naturais, culturais etc.
Nesse sentido a Ciência promete
“milagres”. As novas gerações vão viver muito se cuidarem de suas saúdes
(física, mental, filosófica). Para elas o mundo será muito maior. E talvez mais
pesado, triste, pois viverão em monstrópolis, cidades que se transformam em
selvas de pedra e aço, desfiladeiros com veículos poluidores e perigosos,
mobilidade do ser humano caminhante obstruída sem pudor, além de núcleos de
violência humana.
A Natureza ensina que no mundo dos
seres vivos encontramos muitos reis, reizinhos, donos da verdade, ... e ditadores.
Além de seres humanos perigosos existem
vírus potentíssimos a grandes mamíferos, predadores e animais tão organizados
quanto as formigas e as abelhas, alcateias e manadas de elefantes, todos se
impõem em seus espaços. O ser humano não é único nessa luta pela sobrevivência.
Qual é o nosso espaço? Que mundo cada
um possui e em que aquário poderá crescer?
Nascemos e aceitamos comandos ou
queremos liderar, mandar, decidir, ter a melhor parte de qualquer caça,
eventualmente comendo carcaças...
Temos na cabeça um sistema operacional e
programas residentes, subprogramas que decidem muito do que somos. Alguns podem
ser corrigidos, aprimorados, outros não.
É interessante observar a lógica de especialistas
que defendem a preservação de culturas antigas; eles não acreditam na evolução?
Na visão deles a cultura é estática ou existem pessoas inferiores,
incorrigíveis?
A realidade é que todos nós podemos crescer
muito, e poderemos muito mais graças aos sistemas de comunicação, processamento
de dados, substância químicas, estruturas de educação e ensino etc. que estão
se aprimorando nos países mais inteligentes.
É curioso observar a realimentação
positiva, a aceleração constante que sociedades humanas conquistam quando
conseguem se desligar de atavismos.
Os países orientais estão demonstrando
como a inteligência humana faz milagres. E deixam para trás, curiosidades para
turistas e pesquisadores, os países mais conservadores.
Precisamos educar aqueles que amamos
para serem felizes sem que esta felicidade dependa da alienação, mas do
aprimoramento de suas potencialidades.
Vencer é bom, gostoso, dá dignidade e
prazer.
Os atletas paralímpicos (Cascaes 2016) que o digam.
João Carlos Cascaes
11 de setembro de 2016
Cascaes, João Carlos. Paraolimpíadas e o esporte
com as pessoas com deficiência. 2016.
http://paraolimpiadas-brasil.blogspot.com.br/.
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