domingo, 11 de setembro de 2016

Educação para o século 21 – ponderações iniciais




Somos extremamente importantes para nós e o significado de nossa existência é tanto maior quanto mais existimos em torno do ambiente coletivo que nos afeta. Existir é ter consciência de ser e estar, logo nada faz sentido ao que não existe. Em relação ao Universo somos absolutamente insignificantes. Os paradoxos em torno da vida e da consciência, maiores se entrarmos a fundo no funcionamento do corpo, cérebro etc. dão a impressão de uma mecanicidade que pode incomodar. Essa situação não é aceita pelos seres humanos em geral, por isso inventaram Deus antropomórfico e cheio de relacionamentos com a Humanidade.
A visão dos filósofos, educadores e lideranças de toda espécie sempre teve na vaidade do ser humano e em suas ambições a orientação para a construção de modelos morais e filosóficos.
Somos desde cedo convencidos a acreditar nisso ou naquilo.
O desafio maior é viver e crescer conscientes de nossa insignificância relativa ao Cosmos ou, ao contrário, acreditar que somos parte de um imenso e desconhecido projeto, que intuímos, mas nunca poderemos ter certeza de existir.
O mínimo que podemos usar e é muito é a satisfação de nossos instintos de forma adequada. Adequada? Sim, pois vivendo em comunidades precisamos ajustar nossas atitudes, pelo menos, ao necessário e suficiente ao que pretendemos ser e conquistar. Nossos instintos são parte de nossa natureza, graças a eles existimos e sobrevivemos desde que a vida surgiu em algum formato humanoide.
Aceitar e saber usufruir aspectos gratificantes e apaixonantes de nossa formatação é ser inteligente, sábio e eficaz. Contrariar e rejeitar nossos impulsos sexuais, por exemplo, tem sido a chave de dominação religiosa, capaz de tantas perversões e maldades em nosso meio universal. Todo ser vivo pensante é objeto de dominação por parte de seus semelhantes, apenas semelhantes. O império dos mais fortes é fruto de manipulações que vão muito além da força bruta.
Devemos, portanto, estar atentos às crenças metafísicas, ideológicas e até sociais, espaço natural de ação dos pregadores religiosos e políticos. Em última instância são pessoas que procuram impor suas vontades. A liberdade não tem preço e nela encontramos espaço para satisfação de impulsos fortes e, se usufruídos com dignidade, algo de extremo valor para a nossa saúde mental e física. Nisso a criação de leis e a atuação do poder judiciário merece nossa atenção permanente, pois é uma das formas de imposição de critérios primários e odiosos ao ser humano consensados em gabinetes e parlamentos distantes.
Para educar todos somos agentes e entre nós existem os profissionais, os mestres, professores, a responsabilidade deles é gigantesca.
O educador deve ter em mente isso e sua atitude é função (muito) da situação de dependência em que se encontra. Quem paga decide. O empregador determina a professores e “colaboradores” o que ensinar.
A subordinação geral da Humanidade precisa ser denunciada, analisada, dissecada e todo ser inteligente e que pretenda agir de forma racional deve estudar e desenvolver seu senso crítico. Isso é bom? Com certeza a maior fome de qualquer ser humano inteligente é a compreensão do que ele é, de sua existência e vontades.
Aceitando o mínimo torna-se fácil ganhar mais. O contrário é perigoso. Depressões, infelicidades existem porque muita gente quer mais do que pode ter, e o contrário também é verdade, o excesso de humildade, a aceitação da impotência leva a desperdícios de oportunidades, frustrações, humilhações, tristezas.
Devemos educar para a luta, para vencer.
O cérebro humano é um tremendo potencial que usamos mal. Muitas espécies de inteligências e infinitas habilidades podem ser desenvolvidas, desde que tenhamos disposição para trabalhar e desenvolver nossas habilidades. É importante, contudo, ser realista, honesto intelectualmente diante do espelho e sempre que possível com firmeza, determinação para transmitir nossas propostas, utopias e assim receber críticas. Orientações importantes, correções sempre necessárias, pois nunca seremos perfeitos. É essencial saber de nossas maiores habilidades e fraquezas.
O sucesso é o resultado da compensação de deficiências, de saber superá-las.
Nada pior do que submeter-se tacitamente a limitações naturais, culturais etc.
Nesse sentido a Ciência promete “milagres”. As novas gerações vão viver muito se cuidarem de suas saúdes (física, mental, filosófica). Para elas o mundo será muito maior. E talvez mais pesado, triste, pois viverão em monstrópolis, cidades que se transformam em selvas de pedra e aço, desfiladeiros com veículos poluidores e perigosos, mobilidade do ser humano caminhante obstruída sem pudor, além de núcleos de violência humana.
A Natureza ensina que no mundo dos seres vivos encontramos muitos reis, reizinhos, donos da verdade, ...  e ditadores.
Além de seres humanos perigosos existem vírus potentíssimos a grandes mamíferos, predadores e animais tão organizados quanto as formigas e as abelhas, alcateias e manadas de elefantes, todos se impõem em seus espaços. O ser humano não é único nessa luta pela sobrevivência.
Qual é o nosso espaço? Que mundo cada um possui e em que aquário poderá crescer?
Nascemos e aceitamos comandos ou queremos liderar, mandar, decidir, ter a melhor parte de qualquer caça, eventualmente comendo carcaças...
Temos na cabeça um sistema operacional e programas residentes, subprogramas que decidem muito do que somos. Alguns podem ser corrigidos, aprimorados, outros não.
É interessante observar a lógica de especialistas que defendem a preservação de culturas antigas; eles não acreditam na evolução? Na visão deles a cultura é estática ou existem pessoas inferiores, incorrigíveis?
A realidade é que todos nós podemos crescer muito, e poderemos muito mais graças aos sistemas de comunicação, processamento de dados, substância químicas, estruturas de educação e ensino etc. que estão se aprimorando nos países mais inteligentes.
É curioso observar a realimentação positiva, a aceleração constante que sociedades humanas conquistam quando conseguem se desligar de atavismos.
Os países orientais estão demonstrando como a inteligência humana faz milagres. E deixam para trás, curiosidades para turistas e pesquisadores, os países mais conservadores.
Precisamos educar aqueles que amamos para serem felizes sem que esta felicidade dependa da alienação, mas do aprimoramento de suas potencialidades.
Vencer é bom, gostoso, dá dignidade e prazer.
Os atletas paralímpicos (Cascaes 2016) que o digam.
João Carlos Cascaes
11 de setembro de 2016


Cascaes, João Carlos. Paraolimpíadas e o esporte com as pessoas com deficiência. 2016. http://paraolimpiadas-brasil.blogspot.com.br/.


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