Frequentar escolas e ter boas escolas, mestres excelentes,
segurança, atendimento adequado é um grande desafio que só aumenta quando as
cidades mergulham em clima de violência e demonstram incapacidade intelectual,
material e recursos para ampliar escolas.
O ensino fundamental socializa as crianças, educa, alimenta,
oferece espaços para esporte etc. é de extrema importância, tanto que deveria
ser em tempo integral, recebendo crianças e jovens de manhã e liberando-os ao
final da tarde. Seus professores deveriam ter os melhores salários em toda a
escala de ensino e terem tratamento digno, treinamentos permanentes e
selecionados criteriosamente, principalmente sob o ponto de vista vocacional.
Isso é possível se nossas universidades e escolas
profissionais usarem intensivamente o EAD, o ensino a distância inteligente,
sem a obrigação da sincronização entre aulas e alunos sentados a distância,
usando arquivos portáteis e outros para que o aluno, sendo responsável e
consciente e não simplesmente uma criança sentada em algum banquinho dormindo
na aula, tenha oportunidade de estudar com os melhores professores disponíveis
no país e no mundo, pois isso é possível.
Aulas práticas, laboratórios, bibliotecas, auditórios etc.
podem ser os recursos adicionais oferecidos pelas universidades e escolas
profissionais. Até isso tudo com o tempo haverá como serem substituídos por
sistemas de informação, de avaliação, jogos educativos etc. se bons grupos de
software, especialistas profissionais, pedagogos conseguirem organizar seus
conhecimentos.
Se nada acontecer, todos serão atropelados pela tecnologia
como aconteceu com os e-books, onde a AMAZON deu um show.
Toda a ciência já existe, sem descobrir mais nada haveria
como dar um tremendo avanço. Qualquer pessoa poderia comprar em banca de
revista um “pen drive” ou “notebook” com cursos completos, links com os centros
educacionais completariam o sistema.
Nossas cidades não têm ruas de borracha. O resultado é que
os cursos convencionais criam tremendos estacionamentos e congestionamento de
tráfego. Alunos cansados, assustados com o medo de serem assaltados, correndo
de um lado para outro chegam às aulas cansados, principalmente se forem
obrigados a trabalhar para pagar cursos. Espaços que deveriam ser usados para
esportes, cultura, debates, laboratórios, bibliotecas e salas para professores
(agora consultores e apoiadores) são perdidos para trânsito.
O Brasil, com suas fragilidades crônicas é um exemplo
perfeito da insanidade e irresponsabilidade de seus planejadores e
administradores urbanos, estaduais e federais. O resultado é a perda de
milhares de horas que os estudantes poderiam usar para estudar.
Note-se que o EAD transfere a responsabilidade da formação
profissional dos professores para os pais e alunos estudantes, já iniciando a
vida adulta. Podemos fugir do que ouvimos numa palestra: “os estudantes entram
nas universidades cheirando a leite e saem com cheiro de cerveja” (quando não
coisa pior).
O Ensino a Distância oferece vantagens imensas a alunos com
deficiência(s), pessoas com doenças debilitantes, idosos, trabalhadores,
viajantes e outros com impossibilidade de se submeterem ao regime de quartel
das escolas convencionais. Não precisam estar presentes em salas de aula onde,
como era nosso caso (eu) boa parte era usada para dormir, fazer piadas, mexer
com os amigos. Muitos professores não estavam preparados, o que é rotina,
principalmente quando os alunos têm níveis extremamente diferentes de formação
e as salas não são adequadas. Aprendíamos mais no desespero das provas,
estudando por conta própria, do em aulas modorrentas, com raras e fantásticas
exceções.
Não é o caso dos cursinhos, onde a sobrevivência dos cursos
depende da competência dos professores. Ao entrar nas universidades os alunos
descobrem e se frustram, via de regra, com a heterogeneidade entre mestres e má
qualidade do ambiente que imaginavam muito superior.
Livros, os livros digitais só começaram a mostrar seu
potencial, sendo digitais podem ser dinâmicos, interativos, com filmes e jogos
educativos, mais ainda se conectados a uma central de formação dos cursos.
O livro convencional custa florestas, espaços dia a dia mais
caros, são limitados em tudo e não oferecem acessibilidade. O livro digital
pode ter até versão/opção em LIBRAS, avaliações de conhecimento aleatórios tais
como os jogos infantis que aumentam graus de dificuldade à medida que o usuário
domina uma etapa, é leve, não precisa aleijar os alunos etc.; lousas
eletrônicas podem treinar escrita, redação, desenho, criatividade...
Como todos sabem as letras e o som são reguláveis, ajudando
pessoas com deficiência visual e/ou auditiva.
O aluno pode repetir aulas indefinidamente, mudando padrões
de explicações, tudo, evidentemente, depende da equipe que produz as aulas que
podem ser universais, com tradução simultânea.
O que não surpreende é a indiferença e até criação de
dificuldades pelas corporações e cartéis, afinal o ensino é um tremendo
negócio, até para os menores interesses de corporações mesquinhas.
Desesperadamente, suplicantemente, propomos, pedimos,
insistimos na formação de universidades realmente dedicadas à produção de cursos
sem as salas de aula virtuais, exceto para palestras especiais, incorporadas a
equipamentos portáteis, que mudem e ampliem o universo de estudantes no Brasil.
Cascaes
7.3.2013
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