quarta-feira, 30 de abril de 2014

A favor da Educação no Brasil

Campanhas salariais e o ensino fundamental e as creches
Esperar muito do magistério no ensino fundamental em escolas públicas é utopia, pois seus profissionais estão desamparados e colocados no piso da pirâmide social. Por efeito de alguma patologia social e política não sabem defender teses que mudariam isso tudo radicalmente, afinal o lugar deles é lá no alto, mais ainda num país onde as perversões provocadas pela mídia irresponsável e o poder crescente do crime organizado (com todos os tipos de colarinho e armamentos) parecem irreversíveis.
Dentro dos calabouços e depósitos infectos encontramos o resultado de um país que despreza o ensino pago pelo contribuinte, ávido de vinganças e extremamente míope de soluções.
O ser humano, talvez como reminiscência dos tempos mais remotos quando procurava entender a Natureza e negociar com ela boas caçadas, é atavicamente formalista e apaixonado por rituais, penitências, promessas, cerimônias e outras coisas que simplesmente o liberam para continuar suas extravagâncias.
Temos, tivemos e podemos valorizar lideranças nacionais respeitáveis.
Muitos políticos, líderes religiosos inclusive (fui aluno do excelente Colégio Santo Antônio em Blumenau, cidade com muitas escolas) e revolucionários compreenderam a importância da Educação.
Na Europa a invenção da Imprensa (após os chineses, como sempre) e a orientação de Martinho Lutero para a leitura da Bíblia foi a grande revolução que mudou o lado ocidental deste planeta. As escolas apareceram e os imigrantes europeus, onde chegaram com essa diretriz, transformaram a ignorância em dúvidas, afinal a grande orientação era “falar com Deus”, entendê-lo nas palavras escritas na Bíblia e fazer uma autocrítica íntima permanente. Sabendo ler e escrever o ensino e conhecimento político, profissional, ético etc. tornou-se mais e mais fácil.
Maravilhosamente agora podemos aproveitar a tecnologia para aprendizados essenciais em qualquer lugar do planeta, mas na infância e juventude nada substitui o bom professor(a) e a escola em tempo integral, se possível.
Lendo encontramos preciosidades.
O livro “O Homem Medíocre” [(1), (2)] é fonte especial para entender a América Latina. Suas obras são polêmicas, ou melhor, refletem a cultura universal à época. O racismo é implícito, mas a mensagem é clara quando fala da importância da Educação na formação de nações modernas (3). Nesse livro e do ótimo ebook “CARLOS OCTAVIO BUNGE E E JOSÉ INGENIEROS - ENTRE O CIENTÍFICO E O POLÍTICO. PENSAMENTO RACIAL E ...” (3) devemos destacar as teses e a importância do ex-presidente da Argentina (1868 – 1874) Jornalista, Escritor e Político Domingo Faustino Sarmiento[1]. O resultado é que o analfabetismo foi praticamente eliminado e a base técnica e social dos argentinos viabilizaram com larga margem positiva em relação ao que aconteceu em outros países latino-americanos.
Nosso continente sul americano sofreu demais com a violência das metrópoles e suas estratégias de dominação são bem conhecidas pelos brasileiros quando lembramos os tempos de Portugal; na América Espanhola o livro “O General em seu labirinto” (4) de Gabriel Garcia Marques dá um relato dos escombros da guerra impiedosa empreendida contra aqueles que pretendiam e conquistaram a libertação das colônias no início do século 19.
E o Brasil?
Aqui por um preciosismo imperial as escolas foram raras e mal distribuídas, mesmo após a proclamação da República sentimos o peso hegemônico da capital federal, impedindo a criação de universidades mais do que necessárias[2] (5).
Felizmente o Brasil mudou muito, mas desprezando a qualidade e a universalidade da educação e amparo real às crianças, pré-adolescentes e adolescentes (6), situação que se agrava brutalmente no acolhimento de crianças e jovens com deficiência. Esse tema não interessa aos grandes grupos econômicos, patrocinadores fortes de campanhas eleitorais, o resultado disso é sensível nas cidades, principalmente.
A inclusão, a acessibilidade para a PcD é última prioridade.
Só para citar um caso, a violência juvenil é um exemplo mais do que evidente de falhas estruturais gravíssimas, razões?
Precisamos de um Sarmiento no Brasil, que além de suas propostas e cultura também aliem a tudo liderança e competência para uma revolução na Educação Fundamental e Profissional em nosso país. O que for gasto para isso deverá ser entendido como investimento de médio e longo prazo, mas os resultados são garantidos e não dependem dos humores de multinacionais de diversas especialidades.
No Senado Federal temos o Senador Cristovam Buarque (7) e suas propostas podem se tornar realidade se os professores do Brasil se unirem e utilizarem o poder que possuem e usam muito mal de mobilização e colocação de propostas.
Podemos até sugerir a criação de uma “Bolsa Professor” federal que viabilize uma progressão salarial essencial às necessidades pessoais do corpo docente de nossas escolas públicas além de se criar um estímulo mais competitivo à profissão do magistério. Nossos municípios e estados estão com orçamentos comprometidos até para atender a FIFA. Empréstimos levarão anos para serem pagos e o sucesso econômico sem uma boa base cultural é discutível.
Para maior oferta de informações criamos o blog (7).
O desafio é orçamentário, de gestão pública e atenção para projetos de Governo, muitas vezes sem critério justo em relação às prioridades reais; para isso devemos exercer vigilância sobre a preparação da LDO (8) e também defender projetos de lei, estratégias e prioridades coerentes com o desafio de levantar a Educação no Brasil ao seu nível necessário e justo.
No Paraná também existe a possibilidade de federalização de suas universidades, transferindo recursos para a Educação Fundamental.
Para tudo isso se impõe uma mobilização permanente, formal e informal.
Gastar com a Educação é investimento da melhor qualidade.


Cascaes
30.4.2014

1. Ingenieros, José. O Homem Medíocre. SiNoPsE LiTeRáRiA. [Online] http://sinopseliteraria.blogspot.com.br/2011/09/o-homem-mediocre-jose-ingenieros.html.
2. José Ingenieros. Wikipédia. [Online] http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Ingenieros.
3. CARLOS OCTAVIO BUNGE E E JOSÉ INGENIEROS - ENTRE O CIENTÍFICO E O POLÍTICO. PENSAMENTO RACIAL E ... Scielo Books. [Online] Editora UNESP. http://static.scielo.org/scielobooks/s59t6/pdf/grejo-9788598605982.pdf.
4. Marques, Gabriel Garcia. O general em seu labirinto. 12ª. s.l. : Editora Record, 2014.
5. Cascaes, Tânia Rosa Ferreira. A Participação do LACTEC - Instituto de Tecnologia - na gênese do processo tecnológico paranaense: Uma contribuição ao estudo da história da Técnica e da Tecnologia. UTFPR. [Online] 2005. quadro 2 - página 72. http://files.dirppg.ct.utfpr.edu.br/ppgte/dissertacoes/2005/ppgte_dissertacao_187_2005.pdf. CDD: 621.310981.
6. Editora Moderna, Todos pela Educação,. Anuário Brasileiro da Educação - 2013. [Online] 2014. http://www.moderna.com.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8A8A833F33698B013F346E30DA7B17.
7. Cascaes, João Carlos. Mirante da Educação. [Online] http://mirante-da-educacao.blogspot.com.br/.
8. Orçamento Fácil - Vídeo 06 - O que é a LDO, Lei de Diretrizes Orçamentárias - Processo Orçamentário. Quixotando. [Online] Orçamento Fácil. http://www.joaocarloscascaes.com/2014/04/orcamento-facil-video-06-o-que-e-ldo.html.




[1] Vindo de uma família pobre, porém com antepassados ilustres, sua infância e formação foram profundamente influenciados por sua mãe Paula Albarracín. Sarmiento foi um autodidata e suas experiências daquela época estão publicadas em seu livro "Recuerdos de Provincia".
Durante a década de 1840, devido à sua oposição ao regime de Juan Manuel de Rosas, Sarmiento padeceu o exílio no Chile, onde ele escreveu seu livro mais famoso: "Facundo o Civilización y Barbarie", publicado em 1845, uma biografia do caudilho argentino Facundo Quiroga. Sarmiento, porém, usando Quiroga como pretexto, realizou neste livro um profundo estudo do fenômeno do Caudilhismo e um verdadeiro libelo contra Rosas e seu regime 2 . No Chile, Sarmiento esteve sob a proteção de Manuel Montt, então ministro do interior, que o encarregou de aprimorar o sistema de educação pública chilena. Sarmiento assim, viajou pela Europa e pelos Estados Unidos, estudando seus sistemas educacionais. Seus relatos de viagem foram publicados em seu livro "Viajes".
Domingo F. Sarmiento é apontado como um dos maiores expoentes do Romantismo argentino, devido ao seu papel relevante na chamada Geração de 1837. Porém, em seus escritos, vê-se profundas influências neoclássicas. Nos últimos anos de sua vida, ele aproximou-se do Positivismo, como bem atesta seu último e mais polêmico livro: "Conflictos y armonías de las Razas de América".
Sarmiento integrou o chamado Exército Grande que derrubou Rosas em 1852, sob a liderança de Justo José de Urquiza, porém Sarmiento logo rompeu com este. Na década de 1860, tornou-se governador de sua província natal, San Juan e depois, embaixador da Argentina junto aos Estados Unidos. Enquanto exercia tal função, foi eleito presidente da Argentina para o período 1868-1874.
Tomou posse em 12 de outubro de 1868, sucedendo Bartolomé Mitre. Em seu governo, Sarmiento duplicou o número de escolas públicas na Argentina e construiu por volta de 100 bibliotecas públicas 3 . A imigração européia também foi incentivada.
Durante sua presidência, concluiu-se a Guerra do Paraguai, na qual a Argentina anexou às custas do Paraguai, o território que hoje corresponde à província argentina de Formosa. Em 1870, Justo José de Urquiza foi assassinado durante uma revolta contra o governo central. Em 1874, Sarmiento entregou a presidência ao seu sucessor, Nicolás Avellaneda. Posteriormente, Sarmiento iria se opor ao regime conservador e excludente liderado pelo general Julio Argentino Roca e seus últimos anos de vida foram de contestação política e intelectual, a famosa "La Vejez de Sarmiento".
Ele faleceu em 1888, em Assunção, capital do Paraguai e hoje encontra-se sepultado no cemitério de La Recoleta, em Buenos Aires.
Sua efígie está estampada nas atuais notas de 50 pesos argentinos e não há cidade argentina que não tenha um logradouro público com seu nome. Wikipédia

[2] Em 1920, uma lei determinou o fechamento das Universidades. O Governo Federal não recebia bem as iniciativas surgidas de forma independente nos estados. Mesmo assim, apesar de contraditório, o Governo criou a Universidade do Rio de Janeiro. Era necessário criar alternativas para evitar o fechamento da UFPR. A forma encontrada na época para driblar a lei e continuar funcionando, foi desmembrar a Instituição em faculdades. 

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